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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    09-mar-2010

    Pensamentos sobre Itto waki no kamae

    Este e-mail de Curitiba chegou bem em tempo para "casar" com o vídeo que eu iria soltar hoje e nos ilustra a complexidade em se treinar Kenjutsu:
     

    “Sensei, há algum tempo venho sofrendo para fazer o itto waki no kamae* funcionar com eficiência, servindo como fortaleza segura no combate. 
    Mas ontem, depois de muito pensar repetindo o kihon* na frente do espelho, acendeu uma luzinha no fim do túnel, que espero seja correta.
    A luz fala de ToraBuri (12 - nov - 2009 - Bote do Tigre) e do pé esquerdo Sensei.
    ToraBuri não é simplesmente o contra-ataque de men*, é a essência do contra-golpe de itto waki no kamae. Musashi-sensei* mostrou apenas contra o men*, mas, com o tempo e reflexos corretos, também serve contra Tsuki* e contra o Kote*. Estes golpes retos sofrem de fraqueza no flanco esquerdo, e se tornam vulneráveis ao ToraBuri. Nunca vi ninguém tentar bater o Do* contra waki no kamae, já que ele está automaticamente protegido pela espada e pelos dois kotes.
    ToraBuri Sensei, parece-me ser isso, o conceito de resposta eficiente e mortal a todos os ataques frontais desferidos contra um lutador em posição de waki.
    De outro lado, pensei sobre o pé esquerdo. Na verdade, pensei no pé esquerdo, e pensei no que o Rocco me disse, numa conversa completamente desconexa dessa, no sentido de que a calma é que caracteriza um bom espadachim. E aí que acendeu a luz... o adversário costuma reagir ao movimento do pé esquerdo, porque é o que ele vê, e como ele sabe que isso vai gerar um ataque, ele automaticamente, quase um reflexo condicionado, se defende do que presume ser o ataque, e nesse momento, abre a guarda. Assim, basta ter calma e reflexo para dirigir o golpe não para onde o adversário acha que iria, mas sim para onde ele abriu a defesa.
    Por isso que waki no kamae não precisa ser extremamente rápido no ataque, porque, penso eu, o próprio movimento de entrada no maai adversário importará numa resposta defensiva, e nesse momento, é que você terá dominado o adversário, podendo atacar livremente onde a defesa se abriu, e este ataque sim, deverá ser explosivo e rápido, para aproveitar a fraqueza momentânea.
    Ainda que o adversário perceba isso, e não tente se defender no movimento do pé esquerdo, tentando avançar imediatamente e atacar, o ToraBuri está sempre presente, já que é uma das formas de bater men, e não está descartada.
    "Antes da explosão, há sempre um segundo de tenebroso silêncio". É assim que começo a pensar em itto waki no kamae. O kamae que tem um breve instante de silêncio mortal, que desestrutura o adversário, e permite a explosão do golpe.
    Sensei, desculpe-me porque o email ficou longo, mas o Sensei me parece a melhor pessoa para quem contar estas coisas. Agora resta o dever de fazer isso funcionar numa luta de verdade, testando a validade das conclusões.
    Sensei, por sinal, eu ando morrendo de curiosidade para saber como se desenrolou o combate de waki do Katori Shinto Ryu*... eu sei que ele venceu, porque waki é um kamae muito forte, mas o Sensei ainda não contou como foi... e eu morro de curiosidade pra saber como foi!


    *itto waki no kamae = waki gamae = posição da espadas nos flancos
    *kihon = movimentos básicos da técnica em questão
    *Miyamoto Musash i= o samurai imbatível de todos os tempos
    *men = cabeça
    *tsuki = estocada no pescoço
    *kote = antebraço
    *do = abdome
    *Katori Shinto Ryu = estilo de kenjutsu mais antigo do Japão, considerado tesouro nacional

    Espero que depois de ver o vídeo, o nosso colega tenha encontrado alguma luz para a compreensão da estrategia em se adotar o Itto waki no kamae.
    Sobre o desenrolar do Katori Shinto Ryu não foi bem assim, mas nesta semana acho que sai no Cafe.
    Ate lá, tente tirar as suas próprias treinando o Waki no kamae.




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