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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    24-nov-2011

    Abrir uma nova trilha

    Em "A Arte de confeccionar a espada e o Resgate" (CS- 22. nov. 2011 - A arte de confeccionar a espada e o Resgate), temos a tentativa de resgatar a confecção das espadas antigas, tal como elas de fato eram.
    Um artesão que entrega a sua vida de corpo e alma para confeccionar as espadas usando as técnicas mais antigas do Japão. Diz ele que a família inteira foi contra, pois se fosse em épocas remotas sim, onde guerras entre feudos ocorriam a todo momento seria justificável, mas nos dias de hoje seria algo insano pensar em viver confeccionando espadas.
    Abaixo deixo uma reflexão enviada por um aluno sobre o vídeo que compara o Caminho percorrido com este artesão e o meu.
    Não sei os detalhes percorrido por este senhor, mas entendo todos os seus sentimentos, pois o nosso Caminho possui os mesmos fins. Um tanto íngreme, tortuoso, com mata selvagem e longo. Caminhamos 40 anos. Falamos a mesma lingua.
    Pretendo chegar ao topo, tal como este senhor, mas posso dizer que já andei o suficiente para vislumbrar belas paisagens, jamais exploradas por homem nenhum nesta face da Terra:




    Pretendo chegar ao topo...
     

    "Após a leitura do último café, dia 22/11 - A arte de confeccionar a espada e o Resgate, resolvi colocar em palavras algo que venho pensando já há algum tempo, e que acredito que se encaixa com o que foi dito pelo Sensei. Onegaishimasu, se o Sensei dispuser de tempo, gostaria de compartilhar.
    Me chamou a atenção, justamente porque semana passada aqui em Curitiba, por coincidência li nos Momentos de Ouro a página 46 do Shin Hagakure, "Abrir uma Nova Trilha".

    Vejo que hoje muitas pessoas se lançam a procurar, criar e disseminar o "novo" sem conhecer o antigo. Muitas vezes sem más intenções, as pessoas acabam criando uma arte que não vai perdurar e que não terá valor nenhum porque foi baseada em nada se não somente sua experiência de vida e seu conceito de certo e errado. Acreditam que o passado precisa ficar no passado, e aqueles que buscam esse caminho são os "atrasados", "de mente fechada" e até "preconceituosos". O Sensei disse nessa passagem do Shin Hagakure que ao se criar o novo passamos por provocações de todos os tipos, mas vejo que hoje aqueles que procuram o passado e as tradições acabam passando por tantas provocações quanto. E hoje vejo as consequências do abandono das tradições. A referência moral do passado se perdeu e as pessoas acabam se voltando aos falsos professores e líderes nem por falta de opção, mas porque se não o fizerem, ficam "de fora" da onda da sociedade, não conseguem emprego, ou não são levadas a sério. Daí passam a ser incentivadas por esses professores a fazer tudo da sua maneira, com seus conceitos, e são aplaudidas por isso. Pelo menos é isso que tenho visto acontecer próximo a mim, inclusive com muitas pessoas que conheço.

    Digo isso porque existe a tentação de deixar de lado valores pessoais, enraizados nas tradições, para ser aceito numa sociedade que não os leva mais a sério, e aos poucos vamos cedendo contra essa avalanche dos "novos" conceitos e valores fabricados. Talvez seja por isso que muitos não vem mais a lógica em se treinar, como eu já ouvi, "Prefiro fazer um curso de tiro do que treinar com espadas...".

    Não sei exatamente a partir de que momento isso começou a acontecer de maneira tão febril em todo o mundo, mas acredito que a perda do passado, e o desestímulo a conhecer o passado são com certeza fatores determinantes, e raiz de muitos dos males da sociedade hoje.

    Seria maravilhoso se instituições em todas as esferas da sociedade, como escolas e principalmente dentro das famílias, tomassem o mesmo rumo do Niten, e buscassem fazer esse Resgate. Mas como a ganância de alguns impede isso de acontecer, precisamos ao menos nós continuarmos a disseminar o que realmente tem valor, e espero que todos aqueles que treinam tenham consciência do valor do que está sendo feito aqui, apesar de estarmos nos referindo em especial ao kobudo.

    Vemos por exemplo crianças sendo educadas desde cedo dentro do materialismo, e incentivadas a pensar em carreiras profissionais ainda na infância. Lembro de o Sensei ter comentado que o melhor programa educativo para uma criança é brincar ao ar livre, correr, gritar e exercitar o Ki, mas isso já não tem mais lugar na "nova" sociedade.
    Graças a Deus existem pessoas que têm acordado e percebido que essa crise não pode continuar, que a solução não está no novo, mas no resgate do antigo. Como o Sensei comentou no café talvez nós que buscamos isso tenhamos uma conexão com encarnações anteriores.

    Com certeza todos que estão ingressando "na vida adulta" agora e vendo como o mundo funciona vão sentir essa resistência, e quando acontecer espero que a tradição prevaleça, e que mais pessoas acordem para essa realidade.

    Shitsurei shimashita pelo tempo dispendido, e sumimassen se expus alguma ideia de maneira errada. "

    Rocco (Unidade Curitiba)




     




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