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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    02-jun-2011

    10° TBIK 11 - Não "engessar"

    "Esta nova forma de semifinal foi uma experiência ímpar, ter que colocar a prova tudo (ou melhor todas as posições, os Kamae) que foram treinados e não somente uma parte muito pequena, utilizar um Kamae (que normalmente é o que acontece nos torneios) seria como se estivesse engessado. Com essa nova forma de disputa os guerreiros tem que se mostrar preparados para qualquer desafio, como um kamae o qual ele não descobriu tantos segredos ou lutar contra kamaes que ele nunca teve chance de lutar ou lutou pouco contra ele e não sabe o que fazer.

    Os guerreiros que foram os mais completos e que souberam se utilizar de todos os seus recursos, foram os que se destacaram, superando suas dificuldades, limitações e até frustrações no momento do combate. Pessoas como o Massao que não tem costume de utilizar a kodachi(espada menor) entrou contra o Senpai Numa para se igualar, pois todos que entraram contra o Senpai Numa com qualquer outra arma perdeu por causa de 2 Irimi Yukos (bloquear o braço do oponente ). Um momento em que pensei que perderia, foi na primeira luta da semifinal contra o Marques que perdi e quando sorteamos os kamaes e ele sorteou o mesmo Kamae que ele ganhou a luta livre e eu com nito hidari waki (uso de 2 espadas com uma delas colada ao flanco esquerdo) que fazia muito tempo que não treinava este kamae e me superei vecendo a luta e indo para a terceira. Esses foram momentos que ficaram marcados em grande destaque na minha memória.

    Pessoalmente acho que ficou bem interessante essa forma de disputa adotada para a semifinal".

    Mendes - Unidade Vila Mariana - templo Nikkyoji


    Em medicina , engessamos o paciente quando este sofre algum tipo de lesão como contusão, luxação ou fratura.
    O objetivo é mantê-lo imobilizado . Estático.
    Uma , duas , três semanas e, dependendo do caso, até meses.
    Durante todo este tempo, o paciente fica com o segmento engessado "inutilizado", e muito limitado, mesmo que seja um dedinho mínimo. Não tem condições de ir para a guerra.
    Retirado o gesso, entra para fazer fisioterapia por um longo período para recuperar os movimentos.
    No meio militar, mesmo sendo um "gessinho"no dedinho, é o suficiente para afastar de suas funções relacionadas ao uso de qualquer armamento.
    De maneira análoga, aquele que mantem as mãos engessadas no cabo da espada , na posição de luta (Kamae), estará "engessado" tanto no aspecto físico quanto no mental, limitando o seu poderio no combate e  na  criatividade de fazer do uso da espada o seu pincel.
    Pior que isso, engessar por tempo demasiado nem sempre devolverá a liberdade dos movimentos mesmo com muita fisioterapia...

    01-jun-2011

    10° TBIK 10 - Enkai

    Eliminatórias de Iaijutsu no 10° Torneio Brasileiro de Kobudo

    30-mai-2011

    Abrace o mundo

     
    "Disse -me o Sensei que certa vez Miyamoto Musashi  foi convidado a ir a um castelo, chegando lá foi convidado a demonstrar a sua tão famosa técnica de duas espadas (Nito), enfrentando então, o mais experiente samurai do castelo.

                Então , utilizando a posição de “abraçar o mundo”, com as duas espadas ( a curta, Kodachi e a longa tachi), posicionou-se em frente ao seu desafiado e lentamente caminhou em sua direção. O desafiante armou o Jodan no Kame, levando a espada acima da cabeça, afim de buscar uma brecha por cima, já que aparentemente estava aberto a cabeça de seu adversário.

                Porém, não sentia abertura alguma para desferir o golpe certeiro, enquanto isso Miyamoto Musashi aproxima-se de seu oponente, que lentamente ia recuando, até que sem perceber a parede atrás, caiu de costas no chão, ficando a mercê de Miyamoto Musashi, assim sem desferir nenhum golpe foi demonstrada a eficácia do estilo Nito.

                Bem, talvez muitas pessoas fiquem pensando como isso é possível?

                O Sensei sabe!! E eu pude sentir isso! Isso aconteceu comigo quando estava frente a frente com o Sensei, já havia levado vários tipos de golpes nos Kotes, então pensei Jodan no kamae e Sensei armou um Kamae de Nito (duas espadas) chamado de chudan no kamae, “abraçando o mundo com duas espadas” e lentamente caminhou em minha direção, eu só pensava em atacar. Pensava vou no Men pelo lado direito, e tentava avançar mais meu pé direito recuava, pensava no  Do (flanco)pelo lado esquerdo, então mais um passo pra frente do Sensei e meu pé esquerdo recuava, assim foi caminhando para trás sem encontrar ponto algum para atacar e Sensei continuava a caminhar em minha direção, a sensação era de que havia vários pontos abertos, mas quando pensava em ir naquele ponto já não tinha mais brecha alguma, e aí recuava, até de repente sem perceber estava caindo em cima de uma mesa afasta de onde estávamos lutando, porém tinha caminhado até lá ou melhor o Sensei me fez ir até lá, sem eu perceber e sem dar um golpe sequer.

                Que experiência fantástica! Miyamoto Musashi  viveu há muito tempo e não podemos conhecê-lo, porém o Sensei esta aqui e já enfrentou muitas batalhas em sua vida para encontra a resposta para o que nos perguntamos, como é possível? O Sensei sabe como abraçar o mundo com duas espadas e eu pude vivenciar isso, assim como há muito tempo atrás o senhor do castelo sentiu ao enfrentar Miyamoto  Musashi.

                Sou agradecido ao Sensei por essa maravilhosa lição!!"
    - Pierin (Unidade Florianopolis)  
         


    A lição citada acima ocorreu em um dos treinos matutinos da semana passada.
    Abraçar o mundo.
    Sem medo, ganância ou estupidez
    Sem ansiedade, ambição ou mesquinhez
    Para incorpora-lo em nossos corações , somente o treinamento livre de apegos:
    sejam eles a corrida em busca de medalhas, títulos ou condecorações
    Mas apenas conhecer, refletir e experimentar.
    Isto é viver intensamente
    Abrace o mundo. E você será feliz e imbatível.

    27-mai-2011

    10º TBIK 8 - Kenjutsu - Kodachi Chudan Do


    Quartas de final do 10° Torneio Brasileiro de Kobudo

    24-mai-2011

    10º TBIK 6 - O Senhor das Armas x Zona de Conforto

    Diante dos vídeos técnicos apresentados recentemente (CS 20-05 Kenjutsu-Gedan Tsuki e CS 23-05 Kenjutsu-Wakigamae Tsuki) será interessante ouvir o que sentiram os competidores envolvidos :
    Transcrevo para você o depoimento de um deles:

    "Segue as impressões que eu tive ao participar das semi-finais do Kenjutsu 3°kyu e acima neste 10° TBIK em BH.

    Eu estava bem curioso para saber como seriam estes embates com armas e kamaes (posição de combate) solicitados.
    No Gashuku em Guarulhos pudemos ter uma leve idéia de como seriam estes embates no torneio.
    No Kobudô tem que ter estratégia. Dependendo do adversário, você irá preferir utilizar uma combinação específica para aquele duelo.
    Não existe o kamae/arma perfeitos. Existe o kamae mais adequado para cada situação.

    Pelos meus cálculos:
    Kodachi (espada menor) numa sala com espaço restrito (teto baixo).
    Naginata (alabarda) contra oponentes altos ou terreno acidentado (na praia ou pedras).
    Ito (uma espada) contra Ito (o duelo clássico na ilha de Funajima).
    Nito (duas espadas) contra vários adversários (o duelo contra os Yoshioka)

    Mas numa situação extrema é preciso “se virar” com qualquer arma que estiver a mão.
    Para isso temos que manter em mente o Bugey Juhappan (lema que os Samurais tinham de treinar todas as armas).
    Senti isso a partir das semifinais do torneio de kenjutsu em que trocamos de armas e kamaes.
    Percebi que precisamos treinar muito, o tempo todo, pois ao dominar várias armas , estamos preparados pra qualquer situação.
    Quando saímos de nossa zona de conforto, aprendemos muito mais. Isso se aplica tanto no Caminho da espada quanto no dia-a-dia.

    E nada mais justo, que a pessoa que está VIVENDO na guerra ha mais de 5 meses seja a mais preparada.
    Omedetou Fugita, mais do que merecido a vitória no torneio.
    Me venceu com a Naginata, com Nito e com a Kodachi. Foi o “Senhor das Armas”.
    Arigatou Gozaimashita Sensei, por nos tirar da Zona de Conforto."

    Como bem disse este aluno:  "Percebi que precisamos treinar muito, o tempo todo", no Niten, estamos muito ocupados no treinamento.

    Mas, que no final, será gratificante.
    O "Senhor das Armas" está em cada um de nós. Basta ter a coragem de sair de nossa "zona de conforto".

    A seguir vamos ver um dos combates entre o campeão Fugita e Massao, autor deste depoimento


    23-mai-2011

    10º TBIK 5 - Kenjutsu - Wakigamae TsukiT

    Semifinal do 10° Torneio Brasileiro de Kobudo

    20-mai-2011

    10º TBIK 4 - Kenjutsu - Gedan Nito Tsuki


    Quartas de final do 10° Torneio Brasileiro de Kobudo

    19-mai-2011

    10° TBIK 3 - Samurais do Niten invadem Minas Gerais

    Esta reportagem foi escrita por um dos alunos jornalistas do Niten. Colocarei meus comentários à medida que se fizerem necessários.

    "No dia 14 de maio as montanhas Belo-Horizontinas foram tomadas por um exército de Samurais, vindos de todos os cantos do Brasil, e também da Argentina. A missão de todos era uma só: Colocar à prova a força de seus espíritos e treinamento nas artes antigas dos samurais, travando cada um o seu próprio “Duelo de Funajima”. Era matar ou morrer

    Aqui no Niten nós temos duas grandes guerras que todos os alunos devem ir. A que ocorre no 1° semestre, o Torneio Brasileiro Individual de Kobudo (TBIK), é você contra todos, como num duelo, por isso chamamos de Duelo de Funajima – Funajima é o nome da ilha na qual Musashi Sensei enfrentou o mais habilidoso adversário da época, Sasaki Kojiro, vencendo-o com o Tora Buri (o Bote do Tigre), golpe do 10° Katá do estilo Hyoho Niten Ichi Ryu, que praticamos.
    Neste torneio os samurais do Niten mostraram toda a habilidade e destreza em todas as armas. O Troféu Kobudo, que contempla diversas armas e modalidades, sagrou como campeão o guerreiro mais versátil nas mais diferentes armas.
    A 2° batalha, no segundo semestre, nós chamamos de Sekigahara: o Torneio Brasileiro por equipes de Kobudo (TBEK). Todos unidos representando um feudo ou Daymio vão à guerra.
    Não são necessários mais torneios durante o ano. Torneios mensais, bimestrais, apenas tomam tempo de pais, alunos, acompanhantes, além de vulgarizar e desvalorizar o sentido de um combate.


    "duelo de Funajima"


    "vindos de todos os cantos do Brasil"

    Quem esteve presente viu que cada duelo carregou a energia de uma batalha inteira. As novas regras para cada modalidade tornaram o espírito da disputa ainda mais próximo ao de um combate real: Nas modalidades de katas em dupla (Jô, kusarigama e jitte) os combatentes deveriam trocar de armas a cada duelo, não dando espaço para que se escondessem deficiências técnicas dos participantes.

    O samurai, guerreiro como era, devia conhecer a aplicação de várias armas para conseguir seus objetivos: defender seu castelo e proteger seu senhor. Para tanto o conhecimento de Jitte, Kusarigama, Jo, Naginata eram imprescindíveis pois, para cada situação, deveria saber usar a arma apropriada.


    Nota-se o Samurai ao centro com a Jitte


    Jitte Tessen (leque de ferro): armas do Samurai

    As mudanças mais radicais, no entanto, foram nas categorias mais avançadas do Iaijutsu, Kenjutsu e Kobudo. Na arte de desembainhar e cortar, além de sentir a verdadeira energia de combate em cada kata, os espectadores presenciaram algo inédito: o Tameshigiri, onde os competidores mostraram suas reais habilidades na execução de um corte. Assombroso para quem nunca viu: O Iai deixa de ser uma sequência de formas e vira uma técnica letal.

    O Iai nunca foi uma seqüência de formas. Aquele que era habilidoso em sacar a sua espada obtinha uma grande vantagem sobre aquele que desconhecia essas técnicas.
    O Tameshigiri foi um sucesso, pois vimos que em uma situação de stress, nem mesmo com uma espada afiada, nem sempre conseguimos atingir os objetivos. São necessários: autocontrole, técnica e vontade para ser vencedor na categoria Iaijutsu do Niten.


    "algo inédito: o Tameshigiri"








    "Assombroso"

    Já nos embates diretos (Kenjutsu e Kobudo), o destaque foram as semifinais, marcadas por duelos de melhor de três, nos quais, no segundo e terceiro combate, os competidores lutaram com armas e kamaes sorteados. A mudança colocou à prova a capacidade de improviso e adaptação de estratégia de cada um, e também o conhecimento dos guerreiro das diversas posturas e armas do Kobudo, qualidade tão valorizada por Miyamoto Musashi.

    Um guerreiro, seja de qual civilização for, está proibido de dar a desculpa de que utiliza somente tal arma ou tal Kamae (forma de lutar) perante seu adversário. É um especialista. Não um guerreiro.
    É o que pensava Musashi Sensei sobre essa versatilidade:
    “O verdadeiro conhecimento implica uma verdadeira liberdade, e qualquer preconceito em relação a uma arma ou a uma postura (Kamae) ou a qualquer coisa que seja, serve apenas para estorvar um homem ou colocar vendas em seus olhos: (nas palavras de Miyamoto Musashi): ‘Mas com as armas, bem como com outras coisas, você não deve fazer distinções ou ter preferências. É errado generais ou soldados terem preferências por uma coisa e desgostarem de outra.(..) Quando você arrisca sua vida, é bom que todas as armas possam ser usadas’.”


    Postura do Hidari Naname Chudan


    Defesa com a mão no dorso da lâmina


    Estocada com a espada menor

    Qualquer que tenha sido o resultado para cada um dos competidores, todos emergiram vitoriosos! Ao final do evento o Sensei destacou o crescimento do nível técnico do grupo ali reunido, e convidou aqueles que perderam seus combates a refletir sobre as pequenas nuances que foram cruciais para a vitória do adversário.

    Vimos lutas fantásticas, que vão ficar marcadas na memória de todos que estiveram lá.


    Myamoto Musashi em Nito Hidari Waki, uma das técnicas do Niten

    O evento foi especialmente coroado pelos 10 anos do Niten em Belo Horizonte, e pela hospitalidade do povo mineiro, que mais uma vez abriu as portas de suas casas para o Niten. Que venham mais 10 anos de vitórias, não importam as adversidades que o caminho apresente!

    O tempo urge e é incrível constatar que em uma das cidades mais importantes desse país, tão distante do Japão (Belo Horizonte), comemorou-se 10 anos de artes samurais em Belo Horizonte, através do Instituto Niten.
    Naquele dia fomos testemunhas de que, através de um trabalho sério, honesto e de coração chegamos aos objetivos traçados, superando a desonra, falta de caráter e ambição desenfreada.
    Meus aplausos aos samurais mineiros que, mantendo-se fiéis a seus princípios e ideais, proporcionaram o crescimento do Niten Belo Horizonte e a perpetuação das virtudes samurais.


    "fiéis a seus princípios e ideais"

    Por fim, as palavras do Sensei deram todo o tom do evento: Mais do que apenas preservar, o Niten é o único “local” no mundo que realmente resgata as artes antigas. E neste final de semana, foi o que fizeram estes guerreiros: cruzaram espadas, fizeram amigos, e resgataram mais um pouco deste legado, que nas mãos do Niten, nunca há de morrer."

    Para não alongar mais o Café de hoje, deixarei para falar sobre esse assunto noutra oportunidade.


    "legado que nas mãos do Niten nunca há de morrer"




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