Relatos dos Alunos - Instituto Niten Vitória Ir para o Conteúdo
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Relatos dos Alunos


por Francisco Simonassi


No último sábado (08/11/08) despertei bem cedo para receber o senpai Vaz, aqui em Vitória. Vesti o kimono e hakamá, peguei os equipamentos e parti para a rodoviária.

Ao chegar (isso sempre me surpreende) lá estava o senpai, sorrindo aguardando de pé junto ao portão. Digo que me surpreende pois só quem faz o trajeto de ônibus madrugada a dentro sabe que mesmo quando "dormimos" não é um sonho tranquilo, é cansativo, tenso.
E com todo cansaço lá estava ele sorridente como se a viagem não tivesse durado mais que alguns minutos.
De lá seguimos para a praia de Camburi. Onde treinamos na comemoração do Dia do Samurai. É um lugar de beleza e de uma energia incrível, ao chegar, tive uma sensação que naquele momento não saberia explicar.
Lá começamos o dia com o Iaijutsu. O sensei disse recentemente, ao falar da modalidade Kobudo, sobre a experiência de treinar em lugares (como a areia da praia) onde samurais travavam batalhas reais. O sol estava brilhando, o mar calmo com uma brisa suave.
Senpai Vaz começou o treino observando a execução dos Katas. durante um tempo apenas observou e então começou a aparar as arestas. Mais uma vez me surpreendi com ele. De forma direta com exemplos simples ele começou a mostrar os pontos que precisavam ser melhorados. Quando executava o corte, ficava visível a diferença que existe entre nós e os mais graduados. Eles fazem tudo parecer tão simples - pensei. Este treino não levou a exaustão, muito pelo contrário, pareceu recarregar as baterias para o treino de logo mais. ao fazermos o torei, e nos despedirmos da praia, senti de novo aquela sensação, só aí compreendi o que era: Emoção de um aprendiz, aquela que sentimos no primeiro treino, quando tudo o que vemos é novo, inédito para nós.
Com esta sensação fomos para o Dojo Vitória e começamos o treino de Kenjutsu - Arthur - um dos alunos mais aplicados de Vitória já estava aguardando, já havia limpado o Dojo e desceu rapidamente para buscar os equipamentos. alguns minutos depois, Netto, outro dos alunos juntou-se a nós e o treino começou. Muito Kiai, energia, golpes sucessivos sem paradas pra tomar fôlego. Esta explosão, fez com que chegássemos naquele ponto onde a força física já não existe mais, somente a energia de cada um. O momento ideal para começar a aprender. Os Katas do Niten Ichi Ryu, começaram a ser executados sob a observação cuidadosa do senpai Vaz. Que repetiu o procedimento que havia feito antes: Observou com atenção para só então intervir fazendo correções dando exemplos, corrigindo a postura. Utilizando os espelhos para mostrar a cada um onde seus defeitos estavam aparecendo.
Cada um de nós teve uma descoberta nova naquele sábado. Ao olharmos para o treino em si. Os exercícios praticados, os Katas, todos eles eram conhecidos por nós. Porém o senpai conseguiu fazer com que cada um tivesse uma nova visão sobre algo que julgávamos conhecer.

Fomos todos iniciantes novamente. Manter sempre o espírito do aprendiz - a frase voltou claramente a minha mente várias vezes ao longo deste sábado de descobertas.
Arigatô gozaimassu Sensei, por nos proporcionar momentos como este;
Arigatô gozaimassu Senpai Vaz por nos mostrar como ter sempre um novo olhar sobre o nosso mundo. Arigatô aos senpais que trabalham sem cessar pelo sucesso do Niten!
Francisco Simonassi Neto
Instituto Niten-Unidade Vitória-ES.

por Marcelo Netto

Um dia particularmente abafado. Treinamento duro, que enfrentamos com entusiasmo. Os guerreiros de Vitória voltaram do 5º Torneio Individual de Kobudo com uma medalha de honra ao mérito, além de muitas histórias para contar.

“Só mesmo estando em um torneio para entender sua energia”, contava Vítor para nós. Comungávamos todos de seu entusiasmo durante os quinze minutos de ouro. Era impossível não se contagiar. As descrições. As aventuras. As anedotas. As lições de estoicismo de superação.
Treino há meros dois meses na unidade de Vitória, capital do Espírito Santo. Creio que enfim minha arma decidiu me aceitar. Ela agora quer ser parte de mim. Isso porque também quero ser parte dela. É claro, o caminho é longo.
Ainda não compreendo nada. Não que a compreensão ajude: mais do que entender, é preciso viver a experiência. Entendimento é uma mera palavra. A experiência está além disso.
Quando imaginamos estar esgotados, o senpai nos desafia com mais exercícios. Ao final, descobrimos que não estávamos tão cansados assim. Ficamos até mesmo surpresos. Nunca diríamos sermos dotados de tanta força!
Com certeza é um momento importante de auto-descoberta. Mudanças ocorrem em todos os aspectos. Minha agenda agora sempre comporta mais um compromisso. Não é o caso de apenas se estressar em vão. Não há estresse quando a capacidade aumenta.
Todos os guerreiros de Vitória têm a mesma sensação. Um de nossos colegas nos contou de como conseguiu tirar carteira de motorista pensando no que aprendera como aluno do Instituto Niten. “Se for para golpear, golpeie com certeza, para ganhar!”, ensinaram-lhe. Foi pensando assim que deu o melhor de si na prova. E conseguiu.
A diferença é que já não trabalhamos, ou estudamos, ou dançamos, ou escrevemos. Nós guerreamos, no sentido mais construtivo e otimista da palavra. O cansaço excita. A dor conforta. Problemas são oportunidades de auto-superação.
Aprendo muito como um guerreiro de Vitória. Já treinamos no concreto, sob o sol, na grama e na areia da praia. Nada detém os treinos. Perante os obstáculos, o espírito inflama e se inspira. Quer superar.
Longe de se desanimar, os guerreiros de Vitória apreciam e até mesmo se deleitam com as dificuldades. E isso porque não existem dificuldades para um guerreiro de Vitória. Tudo é desafio. Oportunidade de o espírito engrandecer.
Tendo passado uma temporada em São Paulo, um de nossos guerreiros contou como tinha orgulho de dizer sempre, e sem restrições, que era da unidade de Vitória, capital do Espírito Santo. Pois é assim que também me sinto. E é assim que nos sentimos.
Os ancestrais da espada agora também são os nossos ancestrais. E treinamos e vivemos e amamos e até mesmo morreremos reverenciando a gloriosa história que o Instituto Niten nos deu a honra de tornar também a nossa história.
– Vamos mostrar a todos que os guerreiros de Vitória valem por mil! – bradou Vítor ao final dos quinze minutos de ouro.
Pois essa é a nossa inspiração. Sim: vamos mostrar que os guerreiros de Vitória valem por mil!

Marcelo dos Santos Netto,
Aluno do Niten Vitória

por Simonassi

Ohayou gozaimassu, yoroshiku onegai shimassu sensei.

Os momentos de ouro que tivemos com o sensei no último sábado na unidade Faria Lima, foram cheios de significados e estou certo de que algumas delas eu ainda não assimilei.
Mas abaixo envio um texto com algumas coisas que refleti sobre a mensagem.

Ao final do treino o Sensei nos falou sobre o Kantannoho.

Começou a falar sobre as trilhas que nos desviam do caminho e que todos nós temos internament os elementos que nos levam a elas.

É comum vermos isso acontecer, não somente no Caminho da espada, como em qualquer outro. Lembrei neste momento de vezes em que me vi indeciso diante de uma "encruzilhada" sem saber que rumo tomar. Lembrei de amigos de infância que tive e que hoje passam por dificuldades, se sentem arrependidos por não terem levado mais a sério coisas como o estudo, tomando decisões movidos pela imaturidade, sem ouvir os conselhos de seus pais.

Fosse por teimosia, orgulho, imprudência, ou qualquer outra razão, a semente deste processo, o início de tudo, o sensei revelou para mim quando nos mostrou os ideogramas que traziam: Esquecer seus Deveres.

Ficou muito claro naquele momento, que esse é o primeiro passo rumo às armadilhas. Temos deveres para com nossos pais, mestres e para com a sociedade. Muitos problemas poderiam ser evitados se as pessoas mantivessem sempre em mente essa verdade.

Quando esquecemos de nós mesmos, procuramos imitar outras pessoas que achamos mais interessantes, ou melhores que nós. É literalmente imitação. Não tem conteúdo pois não tem nada a ver com as qualidades da pessoa imitada, sendo apenas exterior, na forma de falar ou de agir.

O sensei chamou a atenção para que tenhamos uma individualidade. Não é errado ter alguém como modelo a seguir, mas precisa saber que você é você, ele é ele. Podemos caminhar juntos mas cada um no seu próprio passo, fazendo suas próprias descobertas.

"Na província de kan-tan, na China, as pessoas tinham a fama de serem elegantes. Por esse motivo pessoas de outras províncias vinham a Kan-tan, para tentar aprender como serem também elegantes. Mas o resultado mais comum era o visitante piorar. Não era mais ele mesmo, nem era igual ao povo de Kan-tan. Situaçoes bizarras podem surgir quando tentamos ser algo que não somos".

O sensei prosseguiu dizendo que devemos ter nosso kamae, nosso kiai. Deve ser SEU, mas não pode ir contra a lógica da espada. A lógica é vencer e não perder a vida.

De tudo isso o que ficou mais claro para mim é o quanto somos privilegiados em ter alguém para nos abrir os olhos, desta maneira como o sensei faz.

Não significa que seremos imunes aos erros, eles podem acontecer. A diferença é ter coragem para admitir os erros e correr de volta para o Caminho, deixando as armadilhas para trás e seguindo adiante.

Sei hoje que se me deparar com alguma "encruzilhada" lembrarei firmemente dos meus deveres e assim terei uma chance muito maior de escolher a direção certa.

Domo arigatô sensei, por ser nosso guia e um modelo para todos nós.
Sayounará
Simonassi-Vix


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