08-abr-2013
"Treinamento pela tarde, eu com Itto (espada longa), o Sensei com Naginata (alabarda)...
No começo era muito rápido! Não consegui acertar um golpe no Sensei por pelo menos uns 5 minutos. A Naginata vinha rápida e certeira: “tsuki! (estocada na garganta)” “sune (canela)”!, “men (cabeça)"!
Vi que o kamae (posição de guarda) que usava não ia funcionar e mudei de estratégia. Lutei com uma espada mais curta, imaginando estar mais rápido para defender a Naginata. Por um momento acertei alguns golpes, consegui avançar e imobilizar a Naginata.
Mas o Sensei assimila muito rápido! O mesmo golpe nunca entrava duas vezes. Deve ser a sensação de jogar xadrez contra o computador Deep Blue... Quando você “pega o jeito” para acertar o golpe, o Sensei já aprendeu e pensou em como defender, contra-atacar e evitar que você acerte outra vez.
Fiquei pensando mais tarde: O Niten é um dos raros lugares no mundo, onde podemos estudar e aplicar a estratégia com diferentes armas e kamaes desta maneira. Sentindo, levando, acertando...
Como somos sortudos! Domo arigato gozaimashita, Sensei!"
Fugita (Unidade Vila Mariana-templo Nikkyoji)
Neste relato, podemos tirar a conclusão de que não existe "a arma mais forte".
Tudo depende das circunstâncias em que são utilizadas e um, dentre os vários tópicos que fazem parte das "circunstâncias" é a o kamae (posição de guarda) a ser adotado.
Infelizmente, no "xadrez da vida" não nos é concebida uma segunda chance.
O xeque é pra valer e caso não conseguirmos escapar dele, sucumbiremos, fatalmente, no "mate".
Na ânsia de não cair nesta situação é que treinamos o Kenjutsu: o "xadrez" que se joga com corpo e com a mente.
Se refletirmos bem, a vida sempre nos colocará em situações adversas para lutarmos contra armas de todo o tipo (longas, curtas, duas espadas, medias etc.) e kamaes (ataque por baixo, por cima, pelos flancos, esquerda, direita etc.).
Sensei no Japão