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Café com o Sensei

Pensamentos e comentários do Sensei Jorge Kishikawa




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    12-jul-2007

    Inútil 2

    Eis aqui na vitrine de um aeroporto, uma "shinai"*. 
    Não é preciso treinar para saber que tem a forma grotesca e deixa muito a desejar em comparação com uma normal. 
    Com quina, desbalanceada, desproporcional. 
    Começar errado com o material errado é querer ser um inútil.


       Foto: Shinai Inútil 
    Preço: 120 reais

    11-jul-2007

    Inútil 1

    Gosto de todos os dogmas de Miyamoto Musashi, o samurai mais famoso de todos os tempos. Mas um que eu tenho muito apreço é este: 
    "Yaku ni tatanu koto wo sezaru koto", ou em português: 
    "Não fazer nada que seja inútil"- pag 50
    A partir de hoje, vou colocar algumas imagens que dirão por si sobre isto. 
    A de hoje mostra uma peça que não dá nem para empunhar...


      Foto: Katana inutil 
    Preço: 200 reais. 

    10-jul-2007

    Samurai e Dinheiro

    Na sexta, falei de ser sério com os compromissos e com as contas. 
    Apenas a título de curiosidade, vou te contar um exemplo do porquê o samurai é diferente, e conseguinte, ainda hoje a maioria dos japoneses. 
    Quando fui no Torneio Mundial em Tokyo em 1977, um dos nossos atletas esqueceu sua bolsa no metrô com uma quantia nada menos que 5 mil dólares. Acredita que encontraram e os 5 mil estavam direitinho lá dentro da bolsa? Acredite, se quiser, mas isto ainda acontece lá. 
    Pois é, uma das virtudes cultivadas pelos samurais era a Honra. 
    E, para eles, a questão dinheiro era levada a sério, se não, evitada. 
    Evitavam falar em dinheiro. Evitavam tocar no que era dos outros. 
    Ainda hoje, os japoneses são muito responsáveis com o dinheiro alheio. 
    Não gostam que deixemos com eles por muito tempo.Quando têm de voltar troco, fazem o impossível para devolver um único centavo. E devolvem imediatamente! Não se sentem bem em segurar o dinheiro que não lhes peretence... E prestam contas com os mínimos detalhes, jamais visto em outros povos. 
    É a máxima samurai presente ainda no dia de hoje, e que manteram a Honra, com H, por séculos : 
    "Sujar por dinheiro, jamais!"


    kane, kim: dinheiro

    06-jul-2007

    Ser Sério

    Falei ontem que não precisamos aparentar ser sérios, duros.
    O brasileiro tem a fama de não ser sério.
    Ah, mas você se acha sério. Sei...
    Você paga as contas em dia? Não passa cheques sem fundo? Quando tem alguma dívida, procura por si resolvê-la?
    Quando comete algum erro não culpa os outros? Assume a culpa e arca com o prejuízo?
    Se tem uma ficha "suja" em um destes itens, não dá nem para a gente começar a conversar.
    Pára. Não engane os outros aparentando ser sério.
    E não espere também que os outros te levem a sério.
    O mundo não é uma brincadeira em que cada um faz o que quer.
    Tem que ser sério!
    Aparentar, não.
    Ser, sim!!!

    05-jul-2007

    Ser um Pequeno Macaco Alegre

    A imagem de um mestre em um filme costuma ser aquele cara sério, que fala pouco e que tem uma cara de bravo. Ou então, aquele velhinho, de barba e cabelos brancos que passam a imagem de alguém que já viveu bastante para prever o futuro.
    Ambos aparentam seriedade, falam pouco e, no filme, costumam ser os coadjuvantes na luta contra os bandidos.
    Na realidade, também não é tão diferente.
    Mestres que falam pouco, sérios e carrancudos estão em qualquer lugar. 
    Se não são, têm o sorriso que só aparentam humildade, mas que no interior tem o ego inflado a ponto de explodir.
    Talvez tenham que ser assim para serem reconhecidos, respeitados. Fazer imagem.
    Será?
    É certo que no mundo tem mais gente que não enxerga um grande mestre num simples homúnculo e preferem acreditar que o grande mestre é aquele parecido com o que viu no filme.
    -Ah, este não é um grande mestre. Ele sorri demais. Fala demais. Não me parece forte. Ele errou a técnica - pensam dentro de suas preconcebidas cabeças.
    Não, não é por aí, meu caro.
    Para que aparentar ser duro como uma pedra? Pois saiba que têm muitos "mestres" sérios e de cabelos brancos que se aproveitam das aparências para enganar você. 
    E mais: não falam mais porque não sabem!
    Disse um grande monge budista que o maior orgulho dele era o de ser um pequeno macaco alegre capaz de ajudar os outros.

    É certo que, por aparentar ser um pequeno macaco alegre, os menos avisados, ou leigos no Caminho, acabam por cometer gafes como dar uma palmadinha nas costas ou falar demais, esquecendo as normas da etiqueta ou os katas do Bushido.
    Lá no Japão, já vi muito ocidental ultrapassar os limites com o mestre, por achar que ele estava mais "aberto". Um simples sorriso do mestre, e aí começam a soltar as asinhas, falando mais do que devem e ultrapassando os limites.
    Preste atenção, pois o que vou lhe dizer vale para todos os mestres.

    "O mestre de verdade pode ser um pequeno macaco alegre 
    que faz o seu treinamento na calada da noite
    no inferno.
    que repousa durante o dia
    no coração".

    Não confunda as coisas.

    mestre Gosho MotoharuDia do Samurai 2007
    mestre Gosho MotoharuDia do Samurai - 2007

    04-jul-2007

    Rinpoche na Jogada

    A matéria que li ontem me deixou indignado.
    Estava escrito que, segundo estudos científicos, o homem mais feliz do mundo se chama Yongey Mingyur Rinpoche. 
    O método se baseia num exame que escaneia o cerébro e foi feito em seu estado de meditação, na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. 
    "Uma calma e alegre experiência que jorra de dentro da gente e não depende de circunstâncias exteriores" - é, segundo ele, o conceito de felicidade. Interessante ponto de vista. Mas ao meu ver, não absoluta. 
    E se não fosse em estado de meditação? Não sei qual teria sido o resultado.
    Mas, padronizar o conceito de felicidade por mapeamento cerebral é perigoso. Para quem não sabe, em medicina há disputas de gigantes para ver quem "descobre" primeiro e "dita" as regras. Tudo por dinheiro, é claro. Os pacientes? Contenha-se com o que vai ler:
    - São apenas números.
    Rogo que Rinpoche tenha sabedoria suficiente para não entrar nesta jogada...

    03-jul-2007

    Kendo x Kenjutsu

    -O Sensei poderia dizer a qual graduação de kendo corresponderia um shodan de kenjutsu?- foi a dúvida de um aluno.
    -Antes de responder à sua pergunta, creio que será interessante investigar os fatos históricos. No princípio, era o kenjutsu. Isto lá pelos anos de 1300, na época das Cruzadas. Quando o Japão mergulhou na época de paz, no período Edo, as artes samurais, que tinham o sufixo jutsu em suas nomina (ex. ken jutsu, kyu jutsu*, yari jutsu*, ju jutsu*, naginata jutsu*) adotaram o sufixo "do"*. Ou seja, as técnicas, que antes tinham como objetivo o puramente marcial, voltaram para o objetivo na construção de caráter dos samurais.
    Em meados finais do periodo Edo, surge o bogu*e shinai*, a arte da espada, kenjutsu, continuou com o objetivo "do", kendo. Tecnicamente falando, longe de ser o kendo, que ouvimos falar hoje.
    O termo kendo que se fala hoje, se refere a profunda adaptação do kenjutsu feita no pós-guerra (1950), com conotação fortemente desportiva, para que fosse autorizada a prática da espada pelo HQ americano. Ou seja, posturas que lembrassem kenjutsu, ou samurais, possivelmente teriam influência sobre o espírito nacionalista do Japão, assim pensavam os americanos. 
    Por esta razão, o kendo, esporte de que falamos hoje, ressurgiu nos anos 1950 sob a forma ainda mais competitiva e regrada do que tivera antes de 1945, e o mesmo ocorrendo com a naginata do, que foi desenvolvida especialmente para uma forma esportiva para mulheres.
    Quando falamos em kenjutsu, caminhamos na direção oposta. Procura-se estudar as técnicas antigas e experimentá-las com o uso de bogu - expliquei ao meu aluno.
    Sabia o que ele queria dizer. Fitei-o por alguns segundos e disse:
    -Não há correspondência. É como comparar banana com abacaxi.

    02-jul-2007

    Café Maduro

    Um aluno me enviou email :

    "Nestes dois dias que treinei com o sensei, pude perceber o quão longo o caminho é, 
    e deve ser percorido com seriedade e insistência, sem se desviar. 
    Lutando com o Sensei, percebi que seu espírito estava calmo, porém seus movimentos 
    estavam ágeis e precisos. 
    Espero continuar treinando insistentemente até que, quem sabe um dia, eu possa lutar com o Sensei novamente, porém com o espírito calmo e os movimentos precisos como os do Sensei. 
    Domo arigatou gozaimashita por passar para todos nós a verdadeira cultura samurai. 
    Sayounara."

    A minha resposta: 
    - Cada estágio tem o espírito apropriado. Agora, no estágio em que se encontra você tem que ser como fogo: ofensivo e davastador. 
    Uma vez estando ao meu lado, verá muitas paisagens interessantes no Caminho." 

    É como o Café. Não adianta colher verde. Tem que esperar para colher maduro. 
    -Mais um capuccino por favor...

    29-jun-2007

    Diferanças 6 - Escolha dos Katas

    Para encerrar a questão citada nestes últimos dias de Café ( 25 de junho - Diferença 3 Inspiração Divina ) coloco o último parágrafo, que é na realidade, apenas,  a continuação do texto original: 

    "Por fim, mestre Otake nos deixou claro que o verdadeiro valor dos katas não está somente no fato de eles refinarem a habilidade marcial do praticante - aguçando as suas reações e melhorando o seu equílibrio, a sua capacidade de julgar o momento correto de atacar, a sua velocidade e a sua precisão - mas essencialmente no fato de instalarem no aluno o autocontrole e a disciplina. Os katas, ao mesmo tempo que ensinam as pessoas a matar, ensinam-nas também que não convém usar a violência".

    É preciso entender que o treinamento dos katas é imprescindível para a evolução no Caminho da Espada. 
    Mas o que é imprescindível mesmo, é buscar os katas verdadeiros. Os que valem a pena serem treinados, os que terão o seu precioso tempo dedicado, pois katas, existem aos "montes" por aí. 

    Quando de manhã, tiver compreendido a verdade 
    ao entardecer, morrerá tranquilo...


    Sensei, mestre Otake e os colegas da velha época 

    28-jun-2007

    Não foi Niten Ichi Ryu

    Parece que está havendo confusão em relação ao Café do dia 31 de maio ( 31 de maio - Despertei ). 
    Foram quase 4 décadas no Caminho da Espada. Vários mestres e colegas que estiveram comigo para forjar a espada do Método KIR. 
    Várias modalidades e estilos. Kenjutsu, Kendo, Naginata jutsu, Jodo, Iai, Yari jutsu, Kusarigama jutsu , Tanjo jutsu, Jitte jutsu, Bojutsu, Yawara e por aí vai. 
    Monges zen e sacerdotes também têm influência sobre o Método KIR. 
    Alguns imaginaram que o soke citado no Café foi do Niten Ichi ryu. 
    Não foi. 
    Amanhã fecho a sequência de pensamentos do mestre Otake. (Diferenca....)




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